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REDEH - Rede de Desenvolvimento Humano

Alinhavando Vivências



Alinhavando Vivências …… deu flores e frutos


A partir do bom acolhimento pelas mulheres ao Projeto Alinhavando Vivências, desenvolvido em Friburgo em final de 2018 e 2019, envolvendo as costureiras e demais trabalhadoras da indústria têxtil e do vestuário do município, que são, na realidade, as grandes responsáveis pela movimentação econômica da localidade, germinou o desejo e interesse de continuidade. Com o trabalho realizado na primeira fase da proposta elas despertaram e mobilizaram-se para o reconhecimento e enfrentamento de problemas e questões que se colocam no seu cotidiano e perceberam a força que têm quando se juntam. O Projeto Alinhavando o Futuro vai abrigar e impulsionar o mais desafiante objetivo desse processo que é a criação, implementação e fortalecimento da Rede de Mulheres de Nova Friburgo (RMNF), espaço de acolhimento, autocuidado, incidência política e luta contra a violência, o racismo e por um trabalho digno e com direitos.


Fortalecidas e dispostas a debater e encontrar soluções para problemas que se impõem em suas realidades, começaram a estruturar a Rede de acordo com os desafios que consideraram mais importantes de serem enfrentados no curto e médio prazo, conforme o programa e as ações que desenharam para a recém-criada Rede de Mulheres de NF.


A RMNF, lançada em janeiro de 2020, foi estruturada, por decisão do colegiado, em cinco Núcleos conforme abaixo:


Núcleo de enfrentamento à Violência contra as Mulheres;


Núcleo de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos;


Núcleo de enfrentamento ao Racismo e preconceitos;


Núcleo de Direitos e Oportunidades no Mundo do Trabalho;


Núcleo de Educação Cidadã e Inclusiva.


Assim organizadas, as mulheres da Rede têm hoje a dimensão da importância de intervir, influir e incidir, nos diversos âmbitos da vida pública e na sociedade, para manter vivo o debate e propiciar a implementação de políticas públicas, junto aos organismos competentes, que atuam no enfrentamento às desigualdades de gênero, raça e violências a que estão expostas cotidianamente na casa, na rua e no mundo do trabalho.


Após alguns encontros, reuniões para planejamento da agenda do 1º semestre, fomos surpreendidas pela pandemia do corona vírus. Dessa forma, tivemos que cancelar algumas atividades, adequar outras e, sobretudo, investir no socorro solidário a famílias de várias integrantes da RMNF, da AMB, da equipe da Redeh e de algumas parceiras.


Grupo de whatsapp – o instrumento de comunicação mais usado, uma vez que todas possuem e manejam razoavelmente bem. Através dele, trocamos informações sobre a atualidade local e nacional, pedidos de ajuda material, emocional, psicológica e, até, auxílio técnico em equipamentos, sobre costura, pontos, receitas, artesanato e, claro, culinária. 

Diário da quarentena – Cada dia duas mulheres do grupo contam como tem sido seu cotidiano e como tem enfrentado a quarentena. Assim, vamos sabendo umas das outras e sabendo que apesar das distâncias obrigatórias, estamos juntas. 


Atendimento psicossocial – com telefone específico, profissionais e militantes do Tecle Mulher, tem prestado atendimento social e psicológico as mulheres integrantes da RMNF, uma vez que, diante da crescente pandemia, contração do vírus, aumento da violência doméstica, demissões no trabalho, autonomia econômica em crise e dificuldades de sobrevivência, têm provocado muito angustia, muita ansiedade, crise de pânico, estresses.

Auxílio emergencial – Cestas básicas (alimentos, higiene, limpeza, remédios) para uma dúzia de famílias de integrantes de RMNF, que sobreviviam da economia informal e estão sem ganho no momento.


Apoio para geração de renda – aproveitando a grande habilidade do grupo – corte e costura – foi proposta a confecção remunerada de 5.000 máscaras pelas interessadas da RMNF, que pode assegurar algum ganho nesse período de crise.


Apoio à proteção ao contágio do corona vírus – Doação das máscaras confeccionadas pelas costureiras à Cruz Vermelha, Postos de Saúde e Comunidades periféricas de Friburgo e comunidades no Rio de Janeiro, onde a Redeh trabalha e para integrantes da AMB Rio.


Campanha Fique em CasaVidas acima dos Lucros e do Consumismo – Campanha desenvolvida e lançada em parceria com uma dezena de movimentos sociais populares de Friburgo, São Pedro da Serra, Lumiar e região, voltada às autoridades e à população.


Esperamos voltar em breve às nossas atividades, mas com saúde e força!


Salve a Solidariedade Feminista: quem tem põe, quem não tem tira!



























































O projeto Alinhavando Vivências surgiu para as costureiras de Nova Friburgo e demais mulheres envolvidas no processo de confecção do vestuário e moda íntima que movem, em realidade, a economia da região. Elas representam 80% da mão de obra do setor e, por todo o histórico, estão em uma localidade de grande vulnerabilidade social, especialmente após o que ficou conhecido por todos como “a grande tragédia”, a forte chuva de 2011 que caiu provocando violentas enchentes, quedas de barreiras e desmoronamento de construções, deixando um saldo de aproximadamente 10 mil pessoas mortas ou desaparecidas, soterradas no lodaçal ou levadas pelos rios transbordados, em contagem extraoficial, relatada por moradores, parentes e vizinhança. Nova Friburgo viveu, então, além do luto pelos seus habitantes, um forte baque em sua economia, pois, além das dificuldades trazidas, as enxurradas levaram os instrumentos de trabalho das costureiras e paralisaram a principal atividade da região, a indústria do vestuário.


Capital Nacional da Moda Intima, a produção chega em torno de 600 milhões de reais e possui grande variedade de modelos. Suas marcas competem no mercado externo e 25% da produção nacional de lingerie se dá no município. Na região existem cerca de 14 mil trabalhadores no setor do vestuário. Destes, 90% são mulheres que trabalham em realidades e modalidades diferenciadas e enfrentam desafios e violências múltiplas.


Acreditamos ser essencial investir na autonomia e fortalecimento dessas mulheres, para que possam tornar melhores as suas condições de vida e impactar com melhorias a sua comunidade e para que adquiram mais poder nas negociações com vistas a conquistas de direitos trabalhistas e de cidadãs, enfrentando, ainda, as violências a que estão expostas cotidianamente.


No município de Nova Friburgo, como constatamos através das mulheres que participaram do projeto e, também, de nossas parceiras locais – a ONG Tecle Mulher – que trabalha com o


atendimento de violências contra mulheres – e o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo – RJ, existem equipamentos públicos para prestar atendimento às mulheres em situação de violência, mas estão, praticamente todos, bastante inoperantes por falta de pessoal ou de condições de funcionamento.


O Alinhavando Vivências foi desenvolvido com a seguinte metodologia:


(a) Pesquisa – levantamento sobre a realidade das costureiras;


(b) Oficinas e Rodas de Conversa – com temas como cidadania, o papel da mulher na sociedade, o direito a uma vida sem violências, os desafios a vencer, nossos direitos, as mudanças desejadas, formas de organização e liderança; autocuidado;


A troca de informações e a sensibilização para o direito a uma vida sem violências; direitos de cidadãs e para a observação dos direitos das trabalhadoras foram um norte em nossas ações.


A iniciativa mostrou-se fundamental para aumentar a autoestima, dar consciência de direitos às mulheres como trabalhadoras e cidadãs, fortalece-las e estimulá-las a transformar a realidade


adversa para que melhorem, também, suas condições de vida e trabalho. O apoio da LAUDES Foundation foi fundamental para a que a REDEH, através da equipe do Projeto, ter concretizado com sucesso essa fase.

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